sexta-feira, 19 de junho de 2009

Caiu o diploma!


Antes para se fazer jornalismo, precisava ter diploma da faculdade.
A partir de ontem não precisa mais. Qualquer um pode ser!
Meio ruim isso... Daqui uns dias a Priscila do BBB estará fazendo reportagens para o jornal nacional!

Aqui um texto a respeito da queda do diploma

E agora Gilmar?

Dia 18 de junho de 2009, jornalistas que passaram pelas universidades do País acordaram “desdiplomados”. Agora fazemos parte do já elevado índice de trabalhadores informais do País. Afinal, qual a relevância do trabalho jornalístico, não é mesmo? Fazer uma reportagem é tão simples...é como fazer um prato de macarrão, qualquer um pode. O que disse o senhor Gilmar Mendes sobre jornalistas e cozinheiros é absurdo, não por igualar as duas profissões (ambas são nobres), mas sim por menosprezá-las. O fato é que jornalistas, a partir de agora, já não representam mais nada na visão do Supremo. Estão jogados ao léu. Como disse o presidente da Fenaj,”não somos mais uma classe, mas sim um amontoado”.
Um dos argumentos usado pelo STF para abolir o diploma é que “tudo que fere a liberdade de expressão não será aceito”. Mas desde quando a regulamentação do jornalista impedia ou feria a liberdade de expressão? Que fato real justifica derrubar a exigência do diploma?
Ao contrário do que é argumentado, o jornalista não cerceia, não fere, não limita, não reprime a opinião de ninguém. O jornalismo é justamente a ponte para que as pessoas possam transmitir seus pensamentos, seus desejos, suas opiniões, suas criticas. É o meio que garante a verdade explícita a todos. E é justamente na faculdade de comunicação que se aprende a respeitar as opiniões. Na faculdade, aprende-se a ouvir todos os lados da história, seja o lado de um traficante de drogas ou de um assassino psicopata. O jornalismo nunca tirou o direito do cidadão de expor a opinião. Seja como for, todos tem espaço e meios para se expressar não faltam nos dias de hoje. A internet está aí. Cada vez mais a liberdade de pensamentos se fortalece. E o jornalismo é um dos pilares para que isso continue acontecendo. Ou melhor, era.
Vamos ser realistas. Quem sempre restringiu a liberdade de expressão e carrega nas costas a imposição da censura neste País é o jornalista?
A justificativa mais absurda do STF é a de que o exercício do jornalismo não oferece qualquer risco de danos à sociedade. Ficou no esquecimento o Caso Escola Base, um dos símbolos trágicos de abuso da imprensa. As pessoas envolvidas neste fato se recuperam até hoje da violência causada pelo mau jornalismo. A afirmação mais famosa que contraria esse disparate do Supremo vem de um dos maiores intelectuais da nossa história, o Noam Chomsky. Eis a frase: “A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro.” Alguém dúvida disso?
A formação acadêmica em jornalismo é fundamental para evitar que tripudiem sobre os fatos e, principalmente, sobre as pessoas. É na educação jornalística que somos orientados à reflexão, investigação, checagem das informações.
Liberdade de expressão?! Que o mundo inteiro dê sua opinião, fale, comente, grite! É justamente disso que vive o jornalismo, da liberdade de expressão!
Falando nisso, a última instância do Poder Judiciário sabe o que é essa tal liberdade de expressão que eles tanto fingem defender em prol de seus exclusivos interesses? Afinal, o STF perguntou a opinião do povo sobre a exigência do diploma? Nessa polêmica, os dois lados não foram ouvidos, a não ser os interessados em abolir o canudo. Sabe o que é mais engraçado e sem noção nessa situação toda? É que agora todos podem ser jornalistas. Desde o Fernandinho Beiramar até o Lula com seus desastrosos discursos.
O que vem pela frente agora são pessoas mais metidas do que nunca a bancarem jornalistas. Mal sabem que é na faculdade que se aprende o essencial do jornalismo: o respeito à dignidade do outro. Em outras palavras, ir até onde começa o direito do outro. Mais que técnica, a faculdade de jornalismo ensina a responsabilidade social, edifica o bom jornalismo. Foi na faculdade que aprendi o elemento essencial da prática jornalística: o que você publica nos meios de comunicação pode sim, e sem dúvida, deixar sequelas irreversíveis na sociedade. E agora, essa ameaça tem todo o aval e liberdade para acontecer.
Junto com o diploma, vão-se a ética, a seriedade, a imparcialidade, a valorização e auto-estima do jornalismo brasileiro.

Autoria:
Talitha Moya,
jornalista com diploma

Nenhum comentário: